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Candidata do Renew Europe defende que é urgente dar armas à Ucrânia

Candidata do Renew Europe defende que é urgente dar armas à Ucrânia
Direitos de autor euronews
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De  Shona Murray
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A euronews entrevistou Marie-Agnes Zimmerman, "candidata principal" do Renew Europe às eleições para o parlamento Europeu.

Euronews: "Gostaria que nos falasse um pouco sobre si. É uma política alemã. Está a tentar chegar a um cargo de topo na União Europeia. É a principal candidata do Renew Europe. Fale-nos um pouco das suas ambições."

Marie-Agnes Zimmerman : "Antes de mais, há sempre grandes surpresas na minha vida porque, há sete anos, tornei-me membro do parlamento alemão.Sou totalmente europeia, fã da Europa. Talvez seja uma questão de geração. Tenho 66 anos e venho de Dusseldorf, muito perto da fronteira com os Países Baixos. Quando era estudante em Munique e os meus pais viviam em Dusseldorf, viajei muito para os Países Baixos. Havia fronteiras e era preciso mostrar o passaporte. Eu tenho três filhos. Uma filha e dois dois filhos que estudaram nos Países Baixos. E nessa altura apercebi-me de como a Europa é fantástica. Sou presidente da comissão de defesa do parlamento alemão e apercebo-me, não só agora, mas desde há dois anos, quando a Rússia atacou a Ucrânia, que só é possível resolver os problemas de segurança, nos seus vários sentidos, em conjunto com os parceiros europeus. Estou ansiosa por fazer parte do Parlamento Europeu. É um novo momento na minha vida. Tenho de aprender muito. Estou consciente disso e vou fazê-lo".

"Em tempos difícieis muitas pessoas procuram um líder duro"

Euronews: "Os liberais estão a perder terreno nas sondagens. Num dia mau, podem ficar em quinto lugar. Estão em terceiro lugar e podem ficar atrás dos reformistas e conservadores, o grupo da direita e da extrema-direita. Porque é que a mensagem não está a chegar às pessoas para votarem nos liberais?"

Marie-Agnes Zimmerman : “Nestes tempos muito difíceis, não é fácil para as pessoas procurarem um partido que dê às pessoas a oportunidade de decidirem por si próprias. E há muitas pessoas, na Alemanha, que se apercebem dos tempos difíceis e procuram um líder muito duro. Do ponto de vista liberal, pensamos que, mesmo em tempos muito difíceis especiais, devemos ter um pensamento livre e ser responsável pela nossa vida".

Euronews: “Ao ver, na Alemanha, a ascensão de grupos como a AfD, por exemplo, e em toda a Europa, a ascensão da extrema-direita, fica preocupada com as implicações que isso pode ter para a Europa, os valores europeus, a política europeia?"

Marie-Agnes Zimmerman: "Sim, absolutamente. É realmente necessário explicar às pessoas que votar na AfD não é uma brincadeira. É realmente um momento terrível porque sabemos que a AFD fará parte do Parlamento Europeu com a intenção de cortar tudo. A líder do AfD, numa entrevista ao Financial Times, disse que, se fizesse parte do Parlamento Europeu, apoiaria a saída da Alemanha da União Europeia. Ela disse isso. Penso que é muito importante que o tenha dito para que toda a gente perceba que a AfD é um partido nacional e não um partido europeu. E há duas semanas, houve uma discussão na Alemanha sobre o marco alemão, porque eles querem-no de volta. Consegue imaginar?"

Pacto Ecológico Europeu: "Há muitas regras, cheias de pormenores"

Euronews: "Qual é a sua posição sobre a importância de respeitar o Pacto Ecológico Europeu, tal como foi acordado inicialmente, porque vemos que nalgumas áreas há uma tentativa de diminui-lo. E, de facto, até o seu próprio partido votou contra a eliminação progressiva dos motores a combustível, algo que foi, na verdade, saudado como um grande sucesso. Qual é a sua posição sobre a necessidade de garantir a integridade do Pacto Ecológico?"

Marie-Agnes Zimmerman: "O termo Pacto Ecológico soa muito bem. E não há dúvidas de que os empresários na Alemanha trabalham para um futuro mais verde. Mas, mais uma vez, há a burocracia. Milhares de regras. Não é apenas uma única regra. há uma segunda, uma terceira, uma quarta regra. Para a economia, é um verdadeiro problema. Se quisermos que o Pacto Ecológico seja bem sucedido, as empresas têm de poder trabalhar. Há muitas regras, cheias de pormenores. E isso é de facto um problema. Quando dizemos Pacto Ecológico, isso soa muito bem. Mas toda a gente diz: vamos ter calma em relação ao pacto ecológico porque ele afecta tudo. É regras e mais regras. Isso é um problema".

"Toda a União Europeia tinha de estar ao lado da Ucrânia"

Euronews : "No Leste da Ucrânia, os ucranianos enfrentam várias dificuldades. Perderam Avdivka em fevereiro e estamos em maio. A Ucrânia poderá apenas conseguir voltar ao ponto em que estava há seis meses, devido à falta de munições, de tanques e de sistemas de defesa. Como avalia a forma como a Europa tem gerido esta situação?"

Marie-Agnes Zimmerman: "Há dois anos fiquei muito feliz porque, pela primeira vez, se compararmos com o primeiro ataque da Rússia contra a Ucrânia, há dez anos, em 2014, a Europa esteve próxima da Ucrânia. A Europa ajudou a Ucrânia nos primeiros meses. Passados dois anos, já não tenho a certeza de que a situação é um sucesso. Por exemplo, a Sra. von der Leyen anunciou há alguns meses um milhão de munições. Parece fantástico, mas essas munições nunca chegaram à Ucrânia. É uma questão de tempo. Se dizemos que vamos entregar munições, temos de o fazer. E agora apercebemo-nos de que demos 400 mil, ou 300 mil munições, muito longe de 1 milhão. Penso que, na verdade, toda a Europa, toda a União Europeia tinha de estar ao lado da Ucrânia, não apenas alguns países. Os países que estão perto da fronteira russa estão a fazer tudo o que podem. Os Estados Bálticos, os Estados do Norte, a Alemanha estão a fazer muito mas é difícil. Alguns países pensam que a guerra é algo distante, mas, na verdade, trata-se de um enorme problema para toda a Europa. E temos de fazer mais. Digo-vos que temos de fazer mais. Se a Ucrânia perder esta guerra, então teremos um enorme problema não só na União Europeia, mas também em todo o mundo. E temos de ver o que acontece nos Estados Unidos em novembro".

"Se quisermos realmente ajudar a Ucrânia, podemos fazê-lo"

Euronews: " Será que o Chanceler alemão tem razão em continuar a recusar os mísseis de longo alcance Taurus?"

Marie-Agnes Zimmerman: "Não, ele não tem razão. Trata-se de uma discussão muito intensa na Alemanha. Porque nós temos este Taurus, poderíamos entregá-lo à Ucrânia. E o problema é que esta discussão já dura há quase um ano, é inacreditável porque a Rússia vê o que está a acontecer.  Não há tempo para discussões. É preciso fazê-lo. Por isso, Scholz não tem razão. Daqui a um ano temos eleições nacionais na Alemanha? E a ideia dele é ser o Chanceler da Paz. Mas toda a gente é um político de paz. Quero dizer, toda a gente quer acabar com esta guerra. Mas da forma certa. Não queremos que a Rússia ataque toda a Ucrânia. E podemos ver que os rockets não estão apenas no leste da Ucrânia. Estão por todo o lado. Por isso, penso que não há dúvidas sobre o facto de que temos de fornecer os mísseis, e temos de fazer tudo o que pudermos. Todos os países, não apenas a Alemanha. Não se trata apenas de uma questão de ajuda bilateral, a ajuda deve vir dos 27 países da Europa. E digo-vos que podemos fazê-lo. Se quisermos realmente ajudar a Ucrânia, podemos fazê-lo. Mas temos de o fazer, e não temos tempo a perder".

Euronews: "Como é que avalia o papel de Ursula von der Leyen nesta situação? Porque mencionou que ela prometeu um milhão de munições, e isso não foi cumprido. O que diria sobre a sua presidência da Comissão Europeia?"

Marie-Agnes Zimmerman : "Estou absolutamente desiludida porque durante seis anos, é muito tempo, ela foi Ministra da Defesa da Alemanha. E ela sabe o que acontece quando se perde tempo. Não faço ideia porque é que há cinco anos, antes do segundo ataque, ela não falou sobre segurança. Temos sempre de nos lembrar do primeiro ataque. A indexação da Crimeia. Foi há dez anos. Não percebo porque é que ela não falou sobre segurança militar quando começou o mandato de presidente da comissão europeia, porque ela conhece este assunto. Ela sabe o que aconteceu".

"von der Leyen devia ter abordado a questão das armas"

Euronews: "Os 27 Estados-Membros têm, muitas vezes, prioridades diferentes, a pandemia, o pacto ecológico. Compreende porque é que isto não estava no topo da sua lista, visto que não havia, nessa altura, uma guerra no continente?"

Marie-Agnes Zimmerman: "Eu sei que a situação da pandemia foi terrível para todos. Mas podiamos ver o que estava a acontecer na Rússia. A questão não era fazer uma coisa ou a outra, mas fazer ambas. Quando se está à frente de uma comissão, não existe um só tema. É preciso ver o que acontece nas diferentes áreas. Por isso, não sei. Posso formular uma hipótese. Conheço muito bem a Ursula von der Leyen porque estive na comissão de defesa quando ela era ministra. Falar de armas, falar de guerra. Não é um tema muito sexy. Como dizê-lo? Soa melhor, é mais agradável falar do Pacto Ecológico. É um tema mais suave.

Euronews: "Ela escolheu o caminho mais fácil. É isso que está a dizer? Porque ela também teve muitos confrontos em relação ao Pacto Ecológico".

Marie-Agnes Zimmerman: "Sim, mas, trata-se da mulher que está na liderança da Europa, por isso todos os dias há confrontos".

Euronews: "Na Alemanha, nessa altura havia muita preocupação pelo facto de o país ter muitas relações com a Rússia. O gás e o petróleo russo alimentavam a economia alemã. Por isso, há responsabilidades do lado dos seus próprios colegas políticos.

Marie-Agnes Zimmerman: "É claro que, para a Alemanha, essa situação foi um choque. A questão da dependência. Mas, foi há dois anos. Fizemos o nosso trabalho e temos alternativas ao gás e ao petróleo da Rússia. Por isso, toda a gente está surpreendida com o facto de termos sido muito rápidos a procurar diferentes possibilidades de comprar energia. Quando há muita pressão, as pessoas mexem-se. Mas, de qualquer forma, penso que a Sra. von der Leyen devia ter abordado esta situação, a questão das armas. Há dois anos e meio atrás. E agora temos uma enorme discussão sobre o assunto. Fiquei surpreendida por ela não ter dito que a Europa tinha de fazer mais, porque ela tem a experiência. Mesmo sabendo que ele teve conflitos em relação ao pacto ecológico, não percebo porque é que ela não falou da guerra".

Clique no vídeo acima para ver a entrevista completa

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